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2008-01-31

 

Elefante em loja de cristais

Marinho Pinto, o novo bastonário dos homens de leis, vai partir a loiça, daqui a meia hora, na RTP, na entrevista a Judite de Sousa.
Diz alto e bom som o que outros dizem baixinho. Arrisca-se a acusar com base em indícios e suspeitas. Vamos a ver se se aguenta no balanço.
- "A Judiciária funciona em roda livre. Depende mais do Governo que da PGR. A operação Casa Pia foi uma operação com o propósito de decapitar o PS. Com a prisão de inocentes, de Paulo Pedroso e as acusações a Ferro Rodrigues.
E o prédio do Estado [CTT] comprado em Coimbra de manhã por 15 milhões e vendido à tarde por 20 milhões com a cumplicidade de dirigentes locais do PS e do PSD. Um era vereador"

Cito de memória, de acordo com a introdução ao telejornal.

 

Cantar Vitória

Cantam vitória com a demissão de Correia de Campos Luís Filipe Meneses e Paulo Portas e também Jerónimo de Sousa.
Cantam vitória com a demissão de Correia de Campos Manuel Alegre e os incorrigíveis alegristas e também João Cordeiro presidente há 34 anos da poderosa Associação Nacional de Farmácias (“Temos estado a ser massacrados por Correia de Campos” queixava-se ele).
Cantam vitória com a demissão de Correia de Campos o bastonário da Ordem dos médicos Pedro Nunes (o do código deontológico “medieval”) e também António Arnaud "pai" do SNS.
Cantam vitória com a demissão de Correia de Campos aquela parte não despicienda da classe médica que ficou muito “ofendida” com a imposição do cumprimento de horários e obrigada a trabalhar e aqueles utentes que ingenuamente são induzidos a atribuir a histórica precaridade do nosso SNS a quem lhe quer dar maior eficácia e sustentabilidade mas não pode evitar disfuncionalidades na sua reforma.
Cantam vitória com a demissão de Correia de Campos meia dúzia de autarcas demagogos à cata de votos e de uma próxima reeleição e populações assustadas e manipuladas pela desinformação e o populismo.
Não é estranha a coincidência de interesses tão antagónicos? Alguém está seguramente a ser enganado no meio de tudo isto.
E não creio que seja o Senhor João Cordeiro.

2008-01-30

 

Um tigre, dois tigres...

Dois tigres fugiram da jaula. A notícia amanheceu a par da das demissões de Correia de Campos e de Isabel Pires de Lima. Logo houve quem se precipitasse a fazer chacota previsível. Teria sido um sinal cósmico, uma metáfora vital. A jaula seria o governo; tigres os ministros; e o circo seria o país.

Que falta de imaginação...

Os tigres que fugiram do Circo Chen, em tournée pela Azambuja, foram, apesar da dificuldade, recapturados. Um deles, pelo pessoal circence; o outro, ferido pelo contacto com arame farpado, entrou em stress. Só depois de atingido por dois dardos tranquilizantes, foi possível levá-lo de volta para a jaula.

Comparar tigres a ministros, o governo a uma jaula e o país a um circo, não passa pela cabeça de ninguém.

O que faltou, então, para a comparação poder tomar alguma consistência?

O cenário.

É o cenário que não se ajusta.

Se em vez dos temíveis felinos terem dados às vilas-diogo na Azambuja (mesmo à beira da Ota), tivessem esperado que a tournée passasse pelo sul - por Alcochete, p.ex. - a piada poderia nutrir-se com outros ingredientes ministeriais.

Imaginem os títulos da imprensa:

Um tigre, dois tigres, três tigres.

Depois de uma tentativa frustrada de evasão de dois tigres na Azambuja (à ilharga da Ota), desapareceram, de novo, em Alcochete (Jamé), mas desta vez em número de três, misteriosamente e sem deixar rasto. O domador, agastado, desistiu da recaptura e aposta decididamente na substituição. A relutância do domador em desfazer-se destes soberbos animais é enorme. Sobretudo em relação ao terceiro tigre, particularmente relutante na passagem da tournée do circo pelo deserto da margem sul...
Paciência. A vida do circo é assim mesmo. Coração ao alto. Antes dos palhaços ainda há mais um número com animais amestrados.
Foram-se os tigres, venham os ursos!

The show must go on!

 

Outra delícia de e-mail

TRRIIIMM.. TRRIIIMM... TRRIIIMM...
Responde o atendedor de chamadas:
"Obrigado por ter ligado para o Júlio de Matos, a companhia mais adequada aos seus momentos de maior loucura."
* Se é obsessivo-compulsivo, marque repetidamente o 1;
* Se é co-dependente, peça a alguém que marque o 2 por si;
* Se tem múltipla personalidade, marque o 3, 4, 5 e 6;
* Se é paranóico, nós sabemos quem é você, o que você faz e o que quer. Aguarde em linha enquanto localizamos a sua chamada;
* Se sofre de alucinações, marque o 7 nesse telefone colorido gigante que você, e só você, vê à sua direita;
* Se é esquizofrénico, oiça com atenção, e uma voz interior indicará o número a marcar;
* Se é depressivo, não interessa que número marque. Nada o vai tirar dessa sua lamentável situação;
* Porém, se VOCÊ votou Sócrates, não há solução, desligue e espere até 2009.
Aqui atendemos LOUCOS e não INGÉNUOS! Obrigado!
 

Uma delícia de redacção!

Redacção feita por uma aluna de Letras, que ganhou concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa.

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.

Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.
O artigo, era bem definido, feminino, singular. Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro. Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo.Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento. Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa.
Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular.
Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisto a porta abriu-se repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história.
Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício. Que loucura, meu Deus! Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto.
Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas: Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história.
Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

(produto e-mail)

 

Pela nossa saúde (6)


A teimosia de Sócrates consumou-se. A cimenteira do Outão, (uma cimenteira na Arrábida, podia ser o título de um romance negro...) retomou a queima de "resíduos industriais perigosos". Quando o vento soprar de norte ou de noroeste, Belmiro de Azevedo vai compreender que a coincineração no Outão lhe pode afastar a clientela de Tróia. Aquela fumarada maila barulheira mediática globalizada, acabarão por desqualificar um empreendimento turístico à vista. Então mexer-se-à. E aí a coisa mudará de figura. O 1º Ministro que abençoou o empreendimento terá de optar por uma linha de coerência: ou teima em engordar as cimenteiras (e lixar Belmiro), o que seria estranho depois de lhe oferecer um aeroporto internacional à ilharga; ou deixa de empestar o ar que os turistas do resort de Tróia (também) respiram .

É mesmo ali em frente.

É fácil prever o que se vai passar.

Setúbal, em peso, dar-se-á finalmente conta do que são os pesos pesados da política e da economia.

Aceitam-se apostas.

 

Pela nossa saúde (5)

Sai Correia de Campos (porquê?), entra Ana Jorge (logo se verá para quê). Entretanto António Arnaut pronuncia-se de um ponto de vista socialista. É um tudo nada longo, é verdade, mas acho-o um documento com um interesse especial na hora que passa.


2008-01-28

 

650.000 € no banco... mais o rendimento mínimo garantido

Para alguns tudo o que vem à rede é peixe...
Laurence Pineault-Valencienne é filha de Didier Pineault-Valencienne um dos grandes patrões franceses ex-presidente de Schneider Électrique e uma das grandes fortunas de França. Esta senhora habita num dos bairros mais chiques dos arredores próximos de Paris, pela sua conta bancária transitaram 650.000 € e, durante vários anos, recebeu o RMI (equivalente francês do rendimento mínimo garantido).

O mais engraçado nesta história é que os jornalistas que trouxeram esta história ao conhecimento público foram alvo de uma queixa por "roubo de documentos".

Ver o artigo do Parisien aquí.
 

A era Marinho Pinto promete!

António Marinho Pinto - novo bastonário da Ordem dos Advogados - começou a agitar as águas da (in)justiça/corrupção.

Ao agitar publicamente aquilo de que tanto se fala neste país, a corrupção em alguns meandros da política, "sempre por boas causas" conseguiu já um éxito: a abertura de inquérito pela PGR. Resta saber quanto tempo vai demorar e se ... .

A propósito, nunca mais se ouviu falar do inquérito sobre a Região Autónoma da Madeira sobre este mesmo assunto, também aberto pela PGR, a denúncia da direccção do PS/M. Na altura muito do foguetório mediático e resultados?

 

4.900.000.000 €

foi quanto perdeu a Société Générale no mercado dos produtos derivados de acções. A versão oficial do banco culpa um dos seus empregados que terá escondido a carteira de contratos futuros do banco para assim fugir aos mecanismos de controle interno.

Se por um lado parece inconcebível que uma carteira 50.000.000.000 € tenha escapado a todos os mecanismos de controlo durante mais de um ano num banco que é lider mundial do mercado dos derivados de acções, por outro lado parece ainda mais improvável que um jovem de 31 anos cujo Curriculum Vitæ menciona como competências informáticas linguagem VBA e Microsoft Office tenha podido montar uma fraude desta dimensão sem nenhuma ajuda.
 

No mar dos Açores... as águas estão turvas

A polémica sobre o Estatuto dos Representantes das Regiões (ex-Ministros da República) está criada e, desta vez, com outro protagonista: PS/Açores tenta travar Estatuto a que Cavaco Silva deu o seu aval.

As diferenças, entre o que pretendem os Açores onde o Representante da República fica com uma representação reduzida, por exemplo, funções zero no acto eleitoral e o estatuto avalizado por Cavaco Silva são enormes.

Terá chegado a vez dos Açores questionarem a República?

As Autonomias são e serão sempre um ponto de polémica, tanto mais quanto nunca houve um debate sério e apriofundado sobre o que é isso.


 

Agitação nas fileiras do PSD

Santana Lopes, numa linguagem bem futebolística passou uma grande rasteira a Filipes Menezes e Ribau Esteves ao rejeitar "a dádiva" da assessoria de imagem que o presidente do PSD "oferecia gratuitamente" ao grupo parlamentar. Marcou uns pontos formais junto de alguns meios, começando a fazer esquecer a sua entrada desastrosa à frente da direcção do grupo parlamentar.

Este fim de semana e numa outra linha, Alberto João Jardim confessou-se muito irritado com o problema conspiratório dentro do PSD - refere a lusa que o citando diz: "começo-me a irritar com uns jantares e almoços conspiratórios com uns meninos lá de cima do Porto, que nunca me cheiraram bem, com toda a franqueza, uma gente com a qual não me identifico".

Tudo isto porque Menezes tarda em se impôr no PSD e na sociedade. Nem com assessoria de imagem a coisa está a resultar.

2008-01-25

 

Pela nossa saúde (4)


Vale a pena ler o dossier sobre o mapa das urgências e outras questões correlacionadas, que a revista Visão organizou na última edição. Dados e depoimentos fazem a demonstração de que Correia de Campos (e o Governo, claro!) estão com mais pressa em encerrar e cortar do que em acautelar e ponderar esta coisa tão trivial que é a aflição dos que carecem de apoio médico urgente.

Aqui mesmo ao lado, o nosso vizinho João Tunes do Água Lisa(6) desarrinca um poste particularmente interessante sobre as políticas do Ministério de Saúde para as urgências. Título: "Pela nossa saúde entregue ao génio incompreendido". Para além do mais, faz, em simultâneo, uma recensão de outras contribuições esclarecedoras, a começar pela comparação entre a Galiza Interior e Trás-os-Montes e Alto Douro em matéria de rede hospitalar e serviços de saúde.

 

Pela nossa saúde (3)

A ler no DN de hoje "2008 Ano Português da desigualdade", de Fernanda Câncio, que dá conta de "apenas" mais uma promessa que a Nova Esquerda não se atreve a cumprir, e, noutro lugar, o anúncio de mais um corte: "Governo corta prémos dos certificados", de Pedro Ferreira Esteves.

Quando se requer firmeza e ousadia contra a discriminação, o governo titubeia. Porém, quando se trata de prejudicar os pequenos aforradores, o Governo é um paladino da bravura: corta, com firmeza.
De onde lhe virá a inspiração?

 

O SNS (2)

Até me revejo em algumas linhas gerais preconizadas pelo ministro Correia de Campos para a solução dos problemas da saúde.

De um modo geral, defendo uma melhoria substancial de qualidade dos serviços prestados aos utentes e um mais rápido atendimento. E esta é frequentemente avançada como sendo a linha mestra da política de saúde actual.

Para que isto se dê, porém, é fundamental uma reorganização dos serviços, pensada e negociada. De todo, nada disto se põe em prática sem fechar serviços, sem reforçar outros de melhores condições globais e sobretudo em termos clínicos e sem construir novos e, por outro lado, sem dispôr de meios humanos em número e em qualificação, quer técnicas de saúde quer de gestão dos meios.

Estas condições não estão reunidas e duvido da justeza de alguns estudos sobre a organização dos serviços, tendo em vista os cuidados a prestar aos utentes e sobretudo, grave, falhou a negociação aos diferentes niveis.

Anterior a tudo isto, contudo, há um debate nacional em défice sobre o que é ou deve ser o SNS hoje, para além da timidez no ataque a alguns interesses económicos que afectam o sector da saúde e que muitos dinheiros consomem ao Estado português.

2008-01-24

 

Pela nossa saúde (2)

Saltita, aqui e acolá, no argumentário dos defensores da política de cortes do governo, que os media estão a dar uma imagem distorcida da realidade, fazendo passar, à frente do discurso político em que os membros do governo poderiam justificar as suas medidas e iniciativas, reportagens que o desfavorecem (filas de espera, feridos por atender, crianças e velhos que morrem em circunstâncias por esclarecer).

Contudo, se olharmos para as distribuições dos "tempos de antena" de cada actor político no ano transacto, os números configuram uma realidade claramente oposta às pretensões dos queixosos.

José Sócrates, por exemplo, foi o mais beneficiado de todos. Nos serviços noticiosos da RTP1, RTP2, SIC e TVI foi objecto de 1195 notícias em que interveio na primeira pessoa, somando mais de 50 horas de duração. À frente do Presidente da República que averbou cerca de metade do tempo a que o 1º Ministro teve direito, e deixando todos os outros a uma estimável distância.

Quando, em falta de argumentos consistentes, os apoiantes do Governo se põem a atirar para os media a culpa de os portugueses reagirem mal às políticas do governo, estão, como se depreende da leitura dos gráficos aqui reproduzidos, a tapar o sol com uma peneira.

Se à contabilização dos tempos, juntarmos a distribuição da presença de cada figura institucional pelos principais canais generalistas, o panorama não se altera. O Governo goza de uma larga cobertura, com maior incidência no prime time.

À riqueza da imaginação de que dão prova, só falta um pequeno e anódino elemento: a verdade. O 1º Ministro, os restantes membros do Governo mailos simpatizantes conjunturais, ocupam o espaço mediático desproporcionadamente.

Se, apesar disso, os protestos ainda se fazem ouvir, é porque as políticas, o desempenho de alguns ministros, e o estilo de governação, têm sido de gritos!



2008-01-23

 

O SNS

Cada um de nós muito "legitimamente" gostaria de ter, junto da sua porta, um hospital com todas as valências imaginárias. Mas há um problema. Saber quanto isso custa, e quem paga ou pagará, no futuro, esse serviço.

Como resposta muito linear, diria, não há nada a saber. Pagaremos nós todos esse luxo, quando se exige para equilíbrio da economia, racionalidade e maior eficácia.

O actual ministro da saúde, Correia de Campos, tem ideias para resolver estas questões de uma forma técnica adequada. Ou seja, com um ou outro "disparate", o senhor ministro lá chegaria: Nem sempre os estudos de gabinete são a cem por cento infalíveis e adequados.

O ministro tem ideias, mas não sabe ouvir ninguém. Encomenda estudos, joga com eles, mas frequentemente sai-se mal. Depois cede e perde credibilidade.

Dialogar antes e ter uma politica de comunicação explicativa parece que não entra na sua forma de agir. Ele lá se sente!!

PS: Não se percebe a discussão de hoje no Parlamento. Mas o governo não está a favor da unidose ou coisa parecida?

Sem dúvida, estudos são precisos para implementar-se esta linha de acção. Mas já lá vão 3 anos de governo. Não será que a Apifarma tem muito peso neste contexto e lá se vão os estudos e os deslizamentos de percurso?

 

Pela nossa saúde (1)

Cortesia de www.coiso.net


Daqui por algum tempo (um ano e pouco, para começar), o Ministro da Saúde do Governo de José Sócrates (não sei se se lembrarão do nome dele...) será recordado por ter teimosa, persistente e arrogantemente, tentado convencer alguns portugueses de que um serviço de urgência a 30 km é tão bom ou melhor do que a 5 ou 10; de que uma maternidade em Espanha é melhor do que em Portugal; e de que a "produtividade" do atendimento clínico, impondo quotas diárias trará aos utilizadores do SMS grande felicidade e plenitude.
Quem, entretanto, tiver o supremo azar de adoecer, acidentar-se ou, pura e simplesmente, for obrigado a deslocar-se a um desses corredores infernais, sobrepovoados, em que anda tudo aos encontrões, formará livremente a sua opinião.

Daqui por algum tempo, poderemos ter esquecido o nome de Correia de Campos. Porém, na altura de confrontar o PS e a sua "Nova Esquerda" com a prova de insensibilidade, desumanidade e obstinada arrogância das suas políticas de encerramentos e concentrações de unidades hospitalares, teremos oportunidade de dizer, todos, o que pensamos.

E é quase certo que, com excepção dos entusiastas arrolados, o Governo de Sócrates será severamente responsabilizado.

Mesmo guinando soberbamente à direita, este Governo tinha obrigação de compreender que com a saúde não se brinca!

2008-01-22

 

O Ministro da Saúde...

...foi hoje ao Jornal das 9, da SIC Notícias. Correia de Campos, sempre que fala, talvez melhor dito, sempre que nas entrevistas o deixam falar (e Crespo só a custo o foi permitindo) é convincente. Como é convincente a reforma da Saúde que vai levando a cabo contra todas as demagogias partidárias e eleitoralismos locais e contra as agendas ou ilusões de alguns dos seus correligionários como Manuel Alegre ou contra o irrealismo de António Arnault "pai" do SNS que parece não entender que a actual situação não pode ser gerida como a do seu tempo, ou contra o natural alarme das populações de alguns concelhos, em geral alavancadas por interesseiras manipulações, ou contra a resistência de parte da corporação médica ciosa dos seus poderes e ausência de controlo.
Não digo que tudo esteja bem ou que estando em princípio bem, seja bem executado mas com os meios humanos e financeiros que o país tem parece-me que Correia de Campos vai ser lembrado daqui a alguns anos pelo ministro da Saúde que levou a cabo contra ventos e marés a indispensável reforma do SNS oferecendo melhores condições de saúde aos Portugueses e salvando aquele.

 

Fumar ou não fumar

Enquanto o país de um modo geral aceita com agrado a nova legislação anti-tabágica alguns epígonos da liberal defesa da liberdade individual ultrapassam-se em virulentas e deslocadas diatribes contra ela e tornam contraproducente a sua argumentação em defesa do seu legítimo direito a fumar.
Desde que os fumadores não obriguem os outros a fumarem o seu fumo "passivo" pois que fumem. É um direito que lhes é reconhecido e no actual estadio dos nossos costumes socialmente aceitável. Por isso nem 8 nem 80 e aplique-se a lei com razoabilidade.
Vem isto a propósito do Prós e Contras da última 2ªf na RTP onde, em defesa da legislação antitabágica se encontrava o DGS Francisco George e Constantino Sakellarides Professor da Escola Nacional de Saúde Pública e na bancada da "oposição" a historiadora Fátima Bonifácio e o vereador da CML Sá Fernandes. As atitudes e o comportamenteo destes dois últimos, particularmente de Sá Fernandes, foi verdadeiramente inaceitável pela permanente interrupção dos seus contraditores, numa atitude histérica e de incontinência verbal imparável e que fez naturalmente virar contra eles muitos dos que os ouviam não pelas suas opiniões mas por não consentirem que os outros expusessem livremente as suas. Por não pôr ordem na discussão Fátima Campos Ferreira esteve mal.
Parecia um espectáculo MRPP do tempo do PREC. Decepcionante.

 

Uma espécie de líder

Só no último programa do "Eixo do Mal" vi aquela espécie de magazine rábula de um director de programas de televisão protagonizada por Luís Filipe Meneses, exigindo um comentador "ortodoxo do PSD" na televisão para equilibrar Marcelo e outro para equilibrar Pacheco e um heterodoxo do PS para compensar Vitorino ou Jorge Coelho, num compenetrado esforçou de competição com os Gatos Fedorentos para fazer rir o país.

Apanhando a peça já embalada disse para comigo: estes Gatos são geniais, como eles imitam à perfeição a cara de Meneses. Depois tive de concluir que aquilo era Meneses, o verdadeiro Meneses, o próprio Meneses em pessoa.

Com tais dotes o autarca de Gaia ainda faz com que Santana Lopes, no papel de Menino Guerreiro, pareça um estadista.

 

Cavaco e as alheiras

Por onde anda este mundo português?!
Cavaco Silva até já avança com piadas sobre ASAE. Ouvi hoje TSF. Depois desculpou-se que era por causa das alheiras que estavam a ser feitas para o Presidente ver.
Eu tinha cá na minha que estas coisas iam lá com com tintinho. Mas afinal o mundo muda muito!
O Borrego também começou por uma anedota no tempo de ministro de Cavaco: levou com uns patins e ficou tão fresco. E reciclou de tal ordem que foi a pedra chave de aeroporto de Alcochete.
Sócrates tem de aprender a contar umas anedotas, talvez começando por ensaiar piadas.

 

As Vacas e o Capitalismo!



CAPITALISMO IDEAL Você tem duas vacas. Vende uma e compra um boi. Eles multiplicam-se, e a economia cresce. Você vende a manada e aposenta-se. Fica rico!

CAPITALISMO AMERICANO Você tem duas vacas. Vende uma e força a outra a produzir o leite de quatro vacas. Fica surpreso quando ela morre.
CAPITALISMO JAPONÊS Você tem duas vacas. Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e vende-os para o mundo inteiro.
CAPITALISMO BRITÂNICO Você tem duas vacas. As duas são loucas.
CAPITALISMO HOLANDÊS Você tem duas vacas. Elas vivem juntas, em união de facto, não gostam de bois e tudo bem.
CAPITALISMO ALEMÃO Você tem duas vacas. Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa. Mas o que você queria mesmo era criar porcos.
CAPITALISMO RUSSO Você tem duas vacas. Conta-as e vê que tem cinco. Conta de novo e vê que tem 42. Conta de novo e vê que tem 12 vacas. Você pára de contar e abre outra garrafa de vodca.
CAPITALISMO SUÍÇO Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua. Você cobra para guardar as vacas dos outros.
CAPITALISMO ESPANHOL Você tem muito orgulho de ter duas vacas.
CAPITALISMO BRASILEIRO Você tem duas vacas. E reclama porque o rebanho não cresce... CAPITALISMO HINDU Você tem duas vacas. Ai de quem tocar nelas.
CAPITALISMO PORTUGUÊS Você tem duas vacas. Foram compradas através do Fundo Social Europeu. O governo cria O IVVA - Imposto de Valor Vacuum Acrescentado. Você vende uma vaca para pagar o imposto. Um fiscal vem e multa-o, porque embora você tenha pago correctamente o IVVA, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. O Ministério das Finanças, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presume que você tenha 200 vacas. Para se livrar do sarilho, você dá a vaca que resta ao inspector das finanças para que ele feche os olhos e dê um jeitinho...

(e-mail de pessoa amiga)

2008-01-21

 

Espanhóis transformam terras de Beja em olival

As terras de Beja, estão a ser transformadas em olivais. Olivais intensivos e superintensivos. Novas técnicas. E na maior parte em terras compradas por espanhóis.
Ontem a RTP entrevistou José Luís de Prado, sócio gerente de um grupo de Córdova que desde 2003 comprou 8 mil ha de terras entre Moura e Beja. Trouxe de Córdova 2 milhões e 500 mil pés de oliveira, investiu 70 milhões de € e até 2009 investirá mais 40. Pretende comprar mais terras e ser o maior produtor mundial de azeite.

Duas observações:

primeira - os empresários espanhóis tem facilitada a compra das melhores terras alentejanas por beneficiarem de uma linha de crédito de longo prazo à semelhança da que cá temos para a compra de habitação. Obviamente que não tenho nada contra estas actividades dos nossos vizinhos espanhóis o que lastimo é que os agricultores portugueses não disponham de apoios similares.

segunda - receio que o alastramento do olival intensivo ao criar situações de monocultura em certas zonas, sem obediência a um critério regional de ordenamento agrícola, possa ser negativo para a biodiversidade, para a economia em caso de crise nessa cultura (ainda que imprevisível no imediato) e no plano social com a diminuição do emprego em consequência da grande mecanização e automatização no olival e nos modernos lagares de azeite.

 

Só na Índia são mais de 50 Milhões as crianças abandonadas

Na Índia as crianças órfãs, abandonadas ou fugidas de casa e a viver (sobreviver!) na rua ultrapassam os 50 milhões. Contra esta tragédia batem-se sem êxito algumas ONG's que tentam proibir o trabalho infantil. Reconhecendo que se não trabalharem as crianças morrem uma ONG mudou de estratégia e há 5 anos fundou um banco totalmente dirigido por crianças dos 8 aos 14 anos. Criaram ao lado uma escola que os prepara e ajuda para tal.
A experiência - ao que dizem - está a ser um sucesso.
Rabinar de 11 anos foi depositar as 5 rupias (0,10 €) que ganhou em 3 horas de trabalho. Acha que é melhor depositar para não ser roubado. Consegue por vezes ganhar por dia 0,60 €. Passa o dia a revolver o lixo, para descobrir o que comer ou para escolher material para reciclar. Na rua a luta pela sobrevivência é feroz e mesmo entre crianças por vezes é morrer ou matar. [Fonte: noticiário da RTP e programa Odisseia da TV Cabo].
Eis o nosso mundo.

 

Vejam mais esta e assumam

NUNCA ME TINHA APERCEBIDO DE TAL INDICAÇÃO
Há coisas fantásticas não há?
Às vezes, dá-nos uma branca quando entramos num posto de gasolina para abastecer e não nos lembramos de que lado do carro está a tampa do tanque de gasolina, não é? Pois parece mentira, mas revelo agora um segredo que poucos sabem: No painel de qualquer carro, há uma indicação exacta, muito subtil, que nos revela qual o lado do carro que vai receber o combustível. Vejam bem o desenho da bomba de gasolina, abaixo da letra E (empty), no painel do carro: esta bomba tem uma mangueira desenhada : Se a mangueira estiver do lado esquerdo da bomba, então o tampão da gasolina encontra-se também no lado esquerdo do carro, ou seja, do motorista. Se a mangueira do desenho se encontrar à direita da bomba, então o seu carro deve ser abastecido no lado direito do motorista. Não fiquem furiosos por só agora saberem deste facto. Eu levei 30 anos a descobrir...
 

Cardeal Patriarca de lisboa em apuros!

Estas dicas dão-me muito gozo. Aprecio a criatividade. Vejam esta que me chegou, certamente já muito banal:


ASAE prende Cardeal Patriarca!

É a notícia do dia. A ASAE decidiu inspeccionar uma missa na Sé de Lisboa, para inspeccionar as condições de higiene dos recipientes onde é guardado o vinho e as hóstias usadas na celebração.

Depois de sugerir ao cardeal que se assegurasse que as hóstias têm um autocolante a informar a composição e se contêm transgénicos e que o vinho deveria ser guardado em garrafas devidamente seladas, os inspectores da ASAE acabaram por prender o cardeal, já depois da missa, depois de terem reparado que D. José Policarpo não procedia à higienização do seu anel após cada beijo de um crente.
A ASAE decidiu encerrar a Sé até que a diocese de Lisboa apresente provas de que as hóstias e o vinho verificam as regras comunitárias de higiene e de embalagem, bem como de que da próxima vez que cardeal dê o anel beijar aos crentes procede à sua limpeza usando lenços de papel devidamente certificados, exigindo-se o recurso a lenços descartáveis semelhantes aos usados nos aviões ou nas marisqueiras, desde que o sabor a limão seja conseguido com ingredientes naturais.
Sabe-se que a ASAE ainda inspeccionou a sacristia para se assegurar que D. José, um fumador incorrigível, não andou por ali a fumar um cigarro.
Já que não constando nas listas dos espaços fechados da lei anti-tabaco, as igrejas não beneficiam dos favores dos casinos pois, tanto quanto se sabe, o inspector-geral da ASAE nunca lá foi apanhado a fumar uma cigarrilha. A ASAE pondera também a hipótese de a comunhão ter que ser dada com luvas higiénicas, para evitar possíveis pandemias.

 

Um problema de Marajá

A menos que... e é aí que a história começa. O Marajá compadeceu-se e amnistiou-o das 100 chicotadas mas com a condição de ele resolver um problema muito simples:
- Em cima desta mesa estão 124 moedas de 1 rupia... mas antes deixa-me vendar-te os olhos. Todas estão viradas com a minha cara para baixo excepto 4 que têm a minha cara virada para cima. Agora tu, de olhos tapados, vais pelo tacto dividir este grupo de moedas em dois grupos de tal modo que em cada grupo fique o mesmo número de moedas com a minha cara para cima .
Mas, alto lá... vais calçar umas luvas para não te poderes aperceber pelo tacto de quais são as moedas que têm a minha cara para cima ou para baixo. Tens meia hora - sentenciou o Marajá.
O desafio é este, caro leitor, ponha-se na pele do nosso homem e veja se escapa ao marajá.
_____________
Marajá era o equivalente a um grande imperador na civilização hindu e a ideia é prestar tributo à invenção dos algarismos "árabes", à descoberta do zero e à numeração decimal. Uma revolução científica maior que a descoberta da electricidade.
Cerca do séc. VI os indianos completaram a sua numeração até aí reduzida aos símbolos de 1 a 9 com a descoberta do zero. O grande matemático árabe Al Khwarismi, três séculos depois, estudou e divulgou no mundo árabe os números indianos e a sua aritmética mas só seis séculos mais tarde, em 1200, Fibonacci começou a ensinar aos europeus a Matemática das civilizações da Índia e do mundo árabe.
Sobre a interessante história dos números aqui ou com mais pormenor aqui.

2008-01-20

 

O PSD de Menezes

... Visto por Nuno Brederode Santos em crónica do DN: DESFOLHAR O MALMEQUER
 

Séries de médicos (TV) criam falsas expectativas

Informação avançada no DN de hoje diz: Séries médicas dão visão distorcida da realidade
 

A Ginginha do Rossio Reabriu

A Ginginha estava um lugar sem higiene, era um atentado à saúde pública. Fez adaptações e Ginjinha reabre com lavatório novo

A ASAE tinha-a fechado. Como se lê, contra todos ou quase. Em honra do tradicional, abaixo a ASAE. O fecho da ginginha é um atentado a um consagrado ex-libris de Lisboa capital do país e capital turística.

Viva tudo, neste país, contra a ASAE e, sobretudo, acima o que significa falta de higiene pública tradicional.

Tudo contra o que seja defender a autoridade na legalidade, porque não é tradicional, é um deixa andar neste país, a não ser quando à cacetada.


2008-01-18

 

A vida está dura...para desanuviar

Aqui vai a receita só para a 3ª, 4ª 5ª ... idades.


Email recebido de pessoa amiga. Leia e divirta-se. Se não cumprir as regras divita-se um pouco mais ainda.

PARA OS QUE LÁ ESTÃO A CHEGAR PARA OS QUE JÁ CHEGARAM AOS 50 E PARA OSQUE JÁ OS PASSARAM MAS AINDA ESTÃO ÓPTIMOS

As vantagens de já contar com meio século:
1. Estás-te bem lixando para o curriculum.
2. Se fizeres parte de um grupo de reféns serás o primeiro a ser libertado.
3. Ninguém te vai pedir para resgatares pessoas de um edifício em chamas....
4. Já ninguém te considera um hipocondríaco porque agora sim - está em condições para te poderes sentir um doente...
5. Já não tens de te preparar para o longo e difícil caminho da vida....
6. Finalmente os teus descontos para a Caixa de Previdência começam a ser usados....
7. As tuas articulações prevêm melhor o tempo que os meteorologistas .
8. Os teus segredos estão seguros com os teus amigos - eles também jánão se lembram deles...
9. A tua dotação de neurónios activos chegou, por fim, a uma quantidade gerível...
10. Podes passar sem sexo ...mas nunca sem os teus óculos!
11. Quando fazes uma festa os vizinhos nem dão por isso.
12. A roupa que compras já não passa de moda.
13. Os pecados mortais passaram da luxúria para a gula

14. Depressa vais-te esquecer de quem te mandou este em-mail mas isso também nem te importa.

2008-01-17

 

41 milhões

Mais de 41 milhões de euros foi o prejuízo sofrido por Lisboa com a permuta de terrenos entre o Parque Mayer e a Feira Popular.
As acusações são do Ministério Público, que, no despacho ontem entregue ao ex-presidente da Câmara Carmona Rodrigues e aos ex-vereadores Fontão de Carvalho e Eduarda Napoleão... “Todos os arguidos actuaram com conhecimento de que os seus actos violavam deveres de legalidade substantiva, objectividade e transparência, inerentes aos cargos políticos que desempenhavam”, concluiu a investigação do Ministério Público e Polícia Judiciária, num processo que levou à realização de eleições antecipadas e à eleição de António Costa como presidente." [aqui]
_______________
Todos os acusados são considerados inocentes antes de condenados. E é assim que para eles olho. Falta provar as acusações.
Agora o que me parece pouco eficaz é os acusados em geral e não só neste caso, procurarem defender-se do julgamento popular nos media tentando contrariar as acusações garantindo que têm as consciências limpas quando a acusação se refere aos bolsos.

 

Mário Crespo denuncia o negócio da Lusoponte

O Eng Fernando Nunes da Silva no último programa da RTP Os Prós e os Contras dirigiu-se ao ministro Mário Lino e pediu-lhe (cito de memória): "dê a este seu amigo a oportunidade de um grande negócio, entregue-me a construção da nova ponte Chelas-Barreiro. Não tenho um tostão para nela investir mas se fizer como o ministro Ferreira do Amaral [no Governo de Cavaco Silva] dá-me o aval do Estado Português e eu obtenho o dinheiro que quiser dos bancos, e dê-me também o monopólio das travessias do Tejo a Sul de Vila Franca de Xira".
____________
Sobre este assunto com o título:

A MÁSCARA PRIVADA DO MONSTRO PÚBLICO

o jornalista Mário Crespo, escreveu no Jornal de Notícias o seguinte:

Estamos em vias de nos endividarmos mais do que nunca com a construção de um novo aeroporto. A primeira derrapagem nos custos é anunciada num suposto direito a indemnizações que a Lusoponte julga ter quando houver outra ponte sobre o Tejo. Alega-se um "exclusivo" das travessias entre Vila Franca e o mar negociado pelo Engenheiro Ferreira do Amaral quando era Ministro de Cavaco Silva. O mesmo Ferreira do Amaral (ontem concedente hoje concessionário) que agora como Presidente da Lusoponte reivindica compensações financeiras em nome de um absurdo ponto contratual por ele aprovado. Se a Lusoponte tem direitos leoninos sobre um nó vital das comunicações nacionais, não os pode ter.

O governo Sócrates tem tido o mérito de nos surpreender pela frontalidade. Se erra diz que errou e volta atrás. Isto é raro nos que nos governaram sem erros e sem dúvidas. Por isso talvez seja altura de parar com este baile de máscaras que tem sido a criação de híbridos que se comportam como se fossem entidades privadas e não o são. A Lusoponte não é mais do que capitais públicos, empréstimos avalizados pelo estado Português, dívidas e pequeníssimos pacotes de capital de especuladores privados que investiram em busca do lucro garantido da exploração das duas grandes pontes. Por poucos que fossem estes financeiros, eram importantes para afinar a mascara de economia de mercado enquanto atrás dela o monstro crescia. Para atrair esses bravos empreendedores, o Estado na versão social-democrata de Cavaco Silva decidiu eliminar o risco do investimento garantindo-lhes um monopólio.

E foi assim que pontes construídas com o esforço financeiro do Estado português ligando parcelas de território nacional foram alienadas a uma suposta entidade privada cujo património são duas das mais valiosas infra-estruturas de Portugal. Uma ponte já inteiramente paga, assente num modelo financeiro duro mas impiedosamente fiscalizador e frontal (daí talvez o seu primeiro nome) e a outra uma maravilha arquitectónica do britânico Lhi construída com dinheiros europeus, empréstimos europeus com o Estado português como fiador e as tais participações irrisórias de "investimento privado" onde pondera, como sempre, a Caixa Geral de Depósitos. Portanto a quase totalidade do capital é dinheiro vindo daqueles 50 por cento da riqueza nacional que o Estado Português actualmente suga a quem trabalha e prodigamente distribui em indemnizações por bravíssimos investidores nacionais e estrangeiros que nada arriscam em monopólios estatalmente garantidos. Depois arranjam-se nomes para dar um ar mercantiloide ao puro e simples gasto que mais tarde ou mais cedo vai ser dívida pública a subtrair ao produto interno bruto.

Na ponte Vasco da Gama o termo-chave era que a construção ia ser financiada em BOT (build, operate transfer) sugerindo que havia um diálogo do governo com uma entidade privada autónoma que não passa de mera ficção.

Há cinco anos a Lusoponte esteve sob a atenção do Tribunal de Contas que auditou o acordo com o Estado. As conclusões foram arrasadoras. O relatório atestava uma degradação de "boas práticas" a tal ponto que um dos Juízes, o Conselheiro Ernesto Cunha fez uma declaração de voto onde concluía que havia indícios inequívocos de "desequilíbrio financeiro a favor da concessionária Lusoponte" que se traduziam num "prejuízo global para o erário público". Na sua conclusão o Juiz Ernesto Cunha admoestava com firmeza os governantes que tinham negociado tal acordo - considerando-os "passíveis de juízo público de censura". Estamos numa altura excelente para o fazer, acabando de vez com os ruinosos negócios com a Lusoponte dos governos de Cavaco Silva e António Guterres. [link]


 

De profundis (6)


"Outra questão é a de saber se os rendimentos dos funcionários não devem mesmo sofrer estagnação (ou mesmo alguma redução) em termos reais. Não falta quem o defenda com bons argumentos, quer em termos de sustentabilidade das finanças públicas quer em termos de equidade social. (...)"[na íntegra, aqui]

Vital Moreira, no Causa Nossa

2008-01-16

 

Ainda sobre a telenovela BCP

É evidente que o Governo fez bem em ajudar a resolver a grave crise do maior banco privado português. É óbvio que um desastre no BCP não atingiria apenas os seus grandes accionistas mas afectaria a economia e os interesses de muitos outros portugueses para além dos directamente ligados ao banco, trabalhadores e pequenos accionistas.
Sem dúvida que oficialmente o Governo e o PS estiveram à margem de todo o processo e não podem ser acusados "oficialmente" de qualquer intervencionismo. É pouco curial que tenham mexido os cordelinhos e avalizado a transferência dos administradores da CGD para um banco privado concorrente pelas razões já muito noticiadas. Mas obviamente nada que se pareça com a gritaria do PSD e de Menezes na exigência da distribuição partidária de administrações de bancos e no apadrinhamento oficial de um concorrente - Miguel Cadilhe - ao CA de um banco privado.
Claro que também se percebe que o PSD e a direita em geral insistissem na não participação da CGD (100%do Estado) e da EDP (20% ainda do Estado) na votação na AG do BCP. É que segundo eles as leis do mercado (e o dinheiro do Estado) só devem funcionar para defender os interesses privados da alta finança mas devem cessar quando o Estado pretente exercer os seus direitos como accionista na defesa dos interesses não apenas do peixe graúdo mas também do peixe miúdo, para usar a metáfora de Vieira.

 

A AG do BCP e a arte de "informar" do Público

= ?

Primeira Página. Grande fotografia de Armando Vara. Título a informar o leitor de bancada do que se passou na AG do BCP:

"BCP Santos Ferreira e Vara venceram, Cadilhe convenceu."

Sugestão ao provedor do Público: diga ao Senhor director que teria ficado melhor assim:
"BCP Santos Ferreira e Vara venceram, Cadilhe convenceu 2,24% dos accionistas"
ou assim:
"BCP Santos Ferreira e Vara venceram, Cadilhe convenceu... José Manuel Fernandes"

Assim dão razão àqueles que já vão chamando de "Povo Livre" ao Público.

 

Compassos (6)

Como um catalão falava de Espanha, tempos atrás.

De todas las historias de la historia....

Y qué decir de nuestra madre España,
este país de todos los demonios
en donde el mal gobierno, la pobreza
no son, sin más, pobreza y mal gobierno
sino un estado místico del hombre,
la absolución final de nuestra historia?


De todas las historias de la Historia
sin duda la más triste es la de España,
porque termina mal. Como si el hombre,
harto ya de luchar con sus demonios,
decidiese encargarles el gobierno
y la administración de su pobreza.


Nuestra famosa inmemorial pobreza,
cuyo origen se pierde en las historias
que dicen que no es culpa del gobierno
sino terrible maldición de España,
triste precio pagado a los demonios
con hambre y con trabajo de sus hombres.


A menudo he pensado en esos hombres,
a menudo he pensado en la pobreza
de este país de todos los demonios.
Y a menudo he pensado en otra historia
distinta y menos simple, en otra España
en donde sí que importa un mal gobierno.


Quiero creer que nuestro mal gobierno
es un vulgar negocio de los hombres
y no una metafísica, que España
debe y puede salir de la pobreza,
que es tiempo aún para cambiar su historia
antes que se la lleven los demonios.


Porque quiero creer que no hay demonios.
Son hombres los que pagan al gobierno,
los empresarios de la falsa historia,
son hombres quienes han vendido al hombre,
los que le han convertido a la pobreza
y secuestrado la salud de España.


Pido que España expulse a esos demonios.
Que la pobreza suba hasta el gobierno.
Que sea el hombre el dueño de su historia.


Jaime Gil de Biedma
 

Compassos (5)

O Hino de Espanha, " La Marcha Real", também denominada "Marcha Granadera", não tem letra. Com a transição democrática e a nova Constituição Espanhola de 1978, a letra franquista foi abolida e o Hino ficou-se pela peça musical. Apesar da singularidade, parece que os povos de Espanha têm sobrevivido a essa lacuna com bastante afoiteza. A inquietação espiritual de uns tantos, tem levado, apesar disso, a que, de tempos a tempos, inconformados com um hino que não pode ir além do trauteio, tentem dotá-lo de nova letra.

Incapazes de se darem conta da vantagem poética que ganharam com a transição, desobrigados daquelas suspeitosas gritarias de "Às armas! Às armas", etc., alguns súbditos de Juán Carlos de Borbón, organizaram um concurso para dotar o Hino de uma letra "consensual". O Comité Olímpico de Espanha e a Sociedade Geral de Autores trataram de tudo. O Júri, depois de um árduo e criterioso trabalho, anunciou que encontrara finalmente o poema necessário.

¡Viva España!
Cantemos todos juntos
con distinta voz
y un solo corazón

¡Viva España!
Desde los verdes valles
al inmenso mar,
un himno de hermandad

Ama a la Patria
pues sabe abrazar,
bajo su cielo azul,
pueblos en libertad

Gloria a los hijos
que a la Historia dan
justicia y grandeza
democracia y paz.


E pronto. O autor do texto, Paulino Cubero (de Ciudad Real) poeta, desempregado, exultava; o Presidente do Comité Olímpico, (COE) parecia anteouvir já o coro, de cada vez que um atleta espanhol subisse ao pódium. Faltava "só" traduzi-la para as restantes línguas oficiais (catalão, basco e galego) e, claro, conseguir os votos dos deputados das Cortes Gerais, porque, para a aprovação ou alteração dos símbolos da pátria, é necessária uma inequívoca representatividade democrática.

Sonhadores, os entusiastas da nova letra, convenciam-se de que Placido Domingo já a cantaria, no próximo dia 21, no Palácio dos Congressos de Madrid, por ocasião do seu aniversário.

Qual quê!?

Começaram a manifestar-se os desacordos. Os dirigentes da Esquerda Unida não gostaram; a Ministra da Cultura também não lhe achou graça. De mal a pior, a letra foi execrada. Alejandro Blanco, Presidente do COE, desfeiteado, decidiu-se a retirar a proposta. O ABC de hoje titula "El Comité Olímpico anuncia la retirada de la letra del himno". A Marcha Granadera continuará a ser executada e entoada sem letra.

Os nossos vizinhos e irmãos não se dão conta do alcance do passo que deram ao excluir a letra do hino. Qualquer poema que imponha aos demais uma ideia de pátria ou de futuro, deve respeitar o silêncio das opções por fazer. Ninguém se revê completamente no passado que nos dividiu.

Não sabem a sorte que têm.



 

Espanto meu. O país do vai fazer!

Quando hoje vi no DN "PGR entrega hoje alterações à lei penal" fiquei espantado.

Para mim estava mais que adqurido que isso já tinha acontecido há muito, tanta tem sido a publicidade do facto!! Afinal só hoje. Trabalha-se devagar.


2008-01-15

 

Compassos (4)





A história que o vídeo(*) descreve é apenas uma vergonha. Mas se lhe juntarmos outras, como aquela que o PÚBLICO trás hoje (pág. 6 "Reclama em jantar e acaba condenada por difamação") acerca de uma médica que pediu o livro de reclamações num restaurante e acabou condenada, em tribunal, por difamação, poderemos perceber (ainda) melhor o sentimento de injustiça que avassala quem quer fazer valer os seus direitos e o gozo de impunidade que o Estado e o sistema financeiro oferecem a alguns grupos sociais.


(*) Obrigado à Francisca Correia que mo enviou.

2008-01-14

 

A Audição ao Banco de Portugal

Não sei quem tem razão no capítulo da marcação das datas para a audição na AR, se Constâncio se o PSD.

Entendo, contudo como correcto, que a audição não se tenha efectuado antes da Assembleia de amanhã. É o mínimo de não interferência.

Estou à vontade nesta postura, até porque defendi e defendo que o Banco de Portugal, como entidade reguladora não esteve atenta aos problemas do sector, neste caso do BCP, que já vêm de há muito. E como afirmou o bastonário da ordem dos economistas, Muteira Nabo, se o BP não conhecia antes os factos, deveria conhecer, dando de algum modo a entender uma certa incúria no trabalho do BP neste domínio. Esperemos que seja apenas incúria, o que já não deixa de ser grave!

Agora que tudo isto se politizou demais, sem benefícios alguns para o sistema financeiro português, designadamente numa luta Governo/PSD, neste caso, movido por este último, não há dúvida e estamos num mundo em que políticamente tudo vale.

Há etapas possíveis. Há que apurar e rapidamente a conduta dos Administradores do BCP e a sua gravidade. Há que ponderar as penalizações e executá-las. Mas não ficar por aqui. Há também que ver e avaliar a "culpabilidade" do BP e, se houver culpa, as penalizações devidas, pois de facto o BP não sai limpo deste processo, se não for apurada tal situação e, designadamente, depois de tudo quanto se disse e escreveu que um processo em todo semelhante foi arquivado em 2004.

2008-01-13

 

Andam a dizer...

aqui que o é uma espécie de magazine Povo Livre.
 

António Costa combate a corrupção na CML

"António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, atendendo às recomendações da sindicância efectuada aos serviços de urbanismo da autarquia lisboeta, avançou desde já com três medidas...:
- anular todos os projectos urbanísticos das gestões anteriores sobre as quais recaiam irregularidades;
- fim das autorizações que permitiram a funcionários municipais acumularem funções no privado evitando assim a sua participação em projectos em que sejam parte interessada;
- criação de uma comissão para a Prevenção da Corrupção que terá como principal objectivo elaborar códigos de conduta e de boas práticas e que poderá ainda realizar auditorias éticas.
[Aqui e aqui].

 

Parabéns a Almerindo

"A Estradas de Portugal tem uma frota de cerca de 800 veículos, num total de 1.800 funcionários (quase um automóvel por cada dois funcionários). As oito centenas dispõem de cartão de combustível sem "plafond". E a nova administração da empresa já deu ordens para acabar com o que entende ser despesismo.
Poucas semanas depois de ter tomado posse como presidente da Estradas de Portugal, Almerindo Marques está assim a atacar as rubricas de custos: os 800 veículos e outros tantos cartões de gasolina representam um custo anual que ronda os seis milhões de euros." [Link]
A frota automóvel vai ser reduzida para metade.

 

Cadilhe bate-se afincadamente por...princípios

Cadilhe tem andado a explicar aos banqueiros privados e aos grandes accionistas do BCP que "A transferência de administradores da CGD para o BCP... não é necessária, não é útil, não é saudável." (Expresso, de hoje, suplemento Economia) Mas parece que os privados preferem a doença. E conclui, entristecido que "tais compromissos (de se entenderem com o seu rival Carlos Santos Pereira) parecem revelar-se muito mais fortes do que a questão dos valores e dos princípios que levantei."
Não acreditarão os banqueiros que o que faz andar Cadilhe são os valores e os princípios?

 

Fumar às escondidas


A imagem foi roubada. Ao blog da Cristina ?
 

Homem prevenido...

Foi assim, já a prever o pior, que em 1978 decidi deixar de fumar. Pois se nos EUA se começava a proibir o fumo mais tarde ou mais cedo chegaria cá!
Mas adoptei a política dos pequenos passos. Comecei por adiar a decisão até acabar de fumar uma caixa de charutos cubanos que me ofereceram. Depois em vez de deixar de fumar para todo o sempre decidi deixara de fumar todos os dias. E adoptei o plafond dos 8 cigarros diários. Tempos depois baixei para os 3 ou 4 conforme 3 ou 4 os cafés diários.
Mantive firme está táctica bem uma dúzia de anos. Por fim disse: é hoje! E assim desde há quase três décadas que deixei de fumar. De longe em longe compro uma caixa de cigarrilhas mas lamentavelmente esqueço-me quase sempre de as fumar.
Agora entro no café do costume e com o ar rarefeito, sem o fumo do tabaco, até ando com receio de me constipar.

 

A dúvida instalou-se

O alarme e angústia que pelo país grassa com a fúria anti-tabágica gera fortes suspeitas de que o que se poupa em cancros do pulmão não compensa o que se perde em depressões nervosas e outros desarranjos psíquicos.
Vou perguntar à Cristina.

2008-01-12

 

A ASAE

"Os inspectores da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE)... aprendem a usar armas, com ex-agentes dos Serviços de Informação e Segurança (SIS) e elementos do corpo de polícia norte-americano SWAT". [link]
Os boatos são muitos e aumentaram com o pânico que aí vai com a proibição de fumar em todos os sítios em que... é agradável fumar.
Hoje de tarde, no café do bairro, constava que a ASAE estuda uma encomenda de carros blindados e o Senhor Antunes, dado a exageros, garantia mesmo alastrar nos altos comandos militares grande agitação com o receio de, à imagem do que sucedeu com a GNR, estar na forja transformar a ASAE no 4º ramo das Forças Armadas.

 

O NAL

O Novo Aeroporto de Lisboa "voou" da Ota para o Campo de Tiro de Alcochete, obviamente, por razões políticas. Felizmente, parece, a opção política teve também do seu lado a maior parte das razões técnicas.
O LNEC apresentou um estudo, ao que dizem, profundo e bem fundamentado que deu suporte à nova opção política do Governo sem deixar, no entanto, de revelar que a opção da Ota não era o horror com que o lobby "sulista" atormentava os espiritos mais impressionáveis. Salvou assim a honra dos Governos de Guterres, de Durão Barroso, Santana Lopes e de Sócrates e de quantos técnicos e políticos preferiam a Ota.

2008-01-11

 

Três mistérios no caso BCP

Luís Campos e Cunha, no registo ético que tem dado aos seus artigos de opinião, no Público, vem hoje dizer que a ignorância tem permitido as acusações "mais inimagináveis" e sem fundamento ao Banco de Portugal sobre o caso BCP.
As responsabilidade pelo que se terá passado no BCP são:
1. em primeiro lugar de quem as cometeu.
2. os auditores internos;
3. a empresa KPMG que certificou as contas. (lembra que nas burlas do caso ENRON a maior empresa de auditoria mundial a Arthur Anderson foi chamada às responsabilidade e acabou por ser encerrada)
Que o BdP e a CMVM não certificam contas não têm esse papel nem responsabilidade. Os mistérios segundo LCC:
1º mistério: porque não actuaram os auditores internos?
2º mistério: porque ninguém fala da KPMG?
3º mistério: porque é que "alguém que sabia de tudo", "bem alto na estrutura do BCP em vez de entregar os documentos ao BdP e à CMVM (e PJ) preferiu entregá-la a um accionista? "
Luís Campos e Cunha foi Administrador do BdP e sabe do que fala.
Eu, que não fui administrador do BdP nem da CMVM (lamentavelmente) acrescento em nome dos ignorantes não qualquer acusação descabida mas apenas um
4º mistério: nem ao BdP nem à CMVM chegou nenhum "fumo de corrupção"?
Julgo que (quase) tudo se esclarecerá. Mas não espero que a KPMG, no caso de ter responsabilidades (e não vejo como não possa ter) lhe suceda algo parecido com o sucedido à Arthur Anderson.

 

"Duas boas do IP"

1. Credores da AIR Luxor querem 400 KG de cocaína confisacdos na Venezuela

2. Sporting pedia a Sarkozy para também cancelar o campeonato.


 

Hillary ganhou o 2º Round

... e admitiu que as lágrimas tiveram algum impacto nesta vitória.

Espero, porém que saiba derramar lágrimas sentidas.

A propósito de lágrimas, leia o artigo de hoje de Fernanda Câncio AFINAL HILLARY TAMBÉM CHORA

2008-01-10

 

Compassos (3)

Este poste também se podia chamar:

A fuga dos Gato e o salto à Vara


Nuno Santos leva os Gato Fedorento de volta para a SIC. Não tivesse ele feito mais nada e já Pinto Balsemão lhe teria ficado, por certo, grato. Mas Nuno Santos vai fazer muito mais, seguramente. Estes anos à frente da Direcção de Programas da RTP1, forneceram-lhe informação e experiência para agora, envergando a camisola do canal de Carnaxide, delas tirar o máximo partido.

Chama-se a isto partir e nem os Gatos deixar.

Já Armando Vara, em contrapartida, mostra um apego diferente à CGD. Apesar de fazer parte do naipe de gestores que integram uma das listas candidatas à Administração do BCP, declarou, primeiro, que só formalizará a saída depois de conhecer o resultado da votação (se não for eleito, não perde o lugar); segundo, que no caso de ir para o BCP, - o que, visivelmente, deseja, - não abandona definitivamente a CGD. Pede licença sem vencimento. Quando, um dia, se fartar do BCP (ou se fartarem dele) regressará à CGD.

Nuno Santos, pelo menos, foi capaz de se mudar. Leva com ele os Gatos, mas enfim...zarpa. Armando Vara vai, mas fica. Passam, ambos, de uma organização alegadamente orientada para o serviço público, para organizações do mesmo sector de actividade, mas privadas.

Ao enfrentarem os primeiros engulhos, recordarão certamente, os critérios para a resolução de problemas que adoptavam, tempos antes, no sector público. Terão momentos de interdição paradoxal. Bloquearão, uma vez ou outra. Porque, se o sector público serve, sobretudo, o sector privado, a inversa não será, provavelmente, verdadeira.

Bem vistas as coisas, Vara é mais sentimental. Não quer abandonar definitivamente a banca pública. Suspeita, com uma certa razão, que os seus préstimos ainda poderão voltar a ser úteis, um dia mais tarde, na CGD.

Julga-se, suponho, uma mais-valia. E, se assim é, não deve andar longe da verdade.


A profética foto dos "gatos" foi publicada no Blogue O meu piu piu, em 3/12/2005. Com a devida vénia.




 

Nasceu o Novo Aeroporto Internacional - Alcochete

Atenção: uma observação preliminar. O local escolhido pelo governo corresponde a Alcochete - campo de tiro, bem diferente e até distante de Alcochete concelho.

Dito isto, a primeira questão é a de que será mesmo desta vez que se avança?!

Em Portugal, estas decisões costumam muitas vezes ser alvo de anúncio e depois ficarem a poisar nas gavetas. Espera-se que esta não. O País precisa.

Virão aí muitas "guerras", de dentro e de fora. A mais dura será com a União Europeia que quererá ver uma demonstração de que, em termos ambientais, o local é aceitável para então "dar as massas".

Resta ainda da parte do governo uma informação concisa mas precisa de, quanto efectivamente vai custar esta opção, até porque os estudos feitos "omitiam" no balanço/confronto com a OTA uma série de questões designadamente no domínio das infraestruturas e acessibilidades.

Certamente o estudo do LNEC tem todas essas análises, mas não se perdia nada, antes ganhava-se, se houvesse uma boa síntese para informar os cidadãos sobre esta questão, de facto, estruturante para o País.

E ainda bem que o Governo decidiu rápido!

2008-01-09

 

O mundo cão!

Lembrei-me do título deste filme ao ler no DN de Hoje 'Songbook' de José Afonso à espera de autorização.

Não quero entrar na polémica do "publica não publica", até porque desconheço as razões da discórdia.

Em abstracto direi que quem está a perder somos nós, o público que gostaria de ter acesso à obra do Zeca, até porque segundo entendi esse atraso está a originar um efeito em cadeia, outros atrasos na publicação das obras de Adriano, Carlos Paredes, Fausto, Sérgio Godinho, José Mário Branco, alguns tão grandes como Zeca.

Até nem percebo porque se defende tanto Zeca. Tem de ser o primeiro? Zeca não foi assim tão "divino". É impoliticamente correcto dizê-lo? Assumo. Zeca foi grande, mas daí ...houve outros, pelo menos tão ou mais e nalguns domínios até mais.


 

Ficamos ontem a saber que não há Referendo

Não me parece que tenha sido uma grande surpresa esta decisão de José Sócrates.

Admito ter havido alguma hesitação e dúvida. As pressões internas e externas dissiparam tudo isso e fizeram inclinar a balança para o "Não" do governo ao referendo.

Não deixa esta posição, contudo, de ser contabilizada como mais uma quebra de uma promessa eleitoral.

Com esta, em minha opinião, pudemos bem, pois daí advêm poucos males ao mundo. Com outras, a situação foi diferente, pois entraram-nos em casa.

Perde-se, talvez, uma "oportunidade" de discussão sobre a Europa, embora seja exactamente aqui que se radica o meu grande cepticismo da necessidade do REFERENDO.

Será que haveria mesmo uma profunda discussão sobre a Europa, ou antes um canalizar da "refrega política" para os problemas internos do País?

Não tenho dúvidas de que estes últimos constituiriam o centro do debate e como tal o conhecimento da Europa ficaria exactamente como está, no mesmo.

Este nosso País precisa de uma discussão profunda e alargada sobre a Europa tanto quanto sobre o País.

Mas, nunca se fará em referendos, se não houver um ambiente e um veículo de informação e de confronto de posições sobre o futuro da Europa. E, a propósito, saiu já há alguns meses um livro acessível (em preço e texto) "O Futuro da Europa reforma ou declínio" que vale a pena ler.

2008-01-07

 

Compassos (2)


Quando, há dias, Raimundo Narciso o evocou aqui no Puxa-Palavra - [Ver Aqui](*) - tentei recordar-me das primeiras impressões de leitura dos textos do Luís Pacheco: um militar sem cheta a deambular pelas ruas de Braga, ostentando uma rara ferocidade sexual; um sonâmbulo chupista a plagiar inadvertidamente uma novela que haveria de ser premiada por um júri desatento e convencional; a tal história de toda uma comunidade deitada, braço para aqui, perna para acolá. A par das leituras, ia ouvindo falar do autor. Uma névoa informal cobria-lhe o estro. Era apontado como um marginal, pouco empenhado na produção, meio louco, provocador, imprevisível. Relataram-me as suas visitas inesperadas, pedindo ajuda aos que melhor estavam na vida; as suas tiradas desabusadas; os seus momentos baixos; o envelhecimento e a decadência. Um dia "apanhado" à porta dos balneários públicos; noutro dia, perorando sentado numa esplanada.

Guardo dele a imagem de "Imprecador de Sul e Sueste": de pé, perto do Cais das Colunas, por detrás de várias pilhas de livros que trouxera até ali. A gabardina comprida, agitando-se, ao vento; os cabelos esvoaçando. As pessoas contornavam-no, evitando-o, mas ele estava completamente abstraído daquele formigueiro de transeuntes. De pé, agitado, tomava um livro, abria-o, lia uma passagem. Voltava a fechá-lo. Erguia-o sobre a cabeça e, enquanto proferia o que parecia ser uma sentença, um impropério ou uma imprecação, lançava-o com força às águas revoltas do Tejo.

E assim, livro a livro, até esgotar o acervo de ocasião.

Não se percebia bem o que dizia; não se divisavam suficientemente bem os títulos nas capas. Caía uma chuva miúda e o vento era forte. Não dava para perceber a riqueza daquela inquietação electrizada, daquela agitação e daquela fúria.
Sentado, já a bordo do "Fernando Pessoa", vi-o ficar para trás, na margem, cada vez mais pequeno, até desaparecer por completo, confundido na distância.
E foi com essa impressão que fiquei sempre: a imagem de um homem muito agitado, no cais, gritando e atirando livros à água. O mesmo homem que parava para escrever os textos densos e pesados que nos deixou.

Quando soube da morte dele, foi como se aquela cena se repetisse. Deveria ter compreendido logo que um escritor, editor e tanta coisa mais, a quem a vida não correu bem, tinha todo o direito de se indignar com a literatura. Ir para o Cais das Colunas desfazer-se dos livros com que se zangara, afigura-se-me agora uma reacção perfeita.

O gesto criativo corre sempre o risco de se confundir com a loucura.

(*) Ver, igualmente, texto de Isabel Lucas no DN de hoje [e aqui]

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